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Crítica: Braid

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Mensagem  Lei Keylosh Sex 16 Jul - 5:23

Olá, caros colegas jogadores da sala de RPG Medieval da UOL. É hora de mais uma matéria de seu aspirante a crítico de jogos. Hoje você irá apreciar, se impressionar e se surpreender com a jornada emocional que é o jogo Braid.

Crítica: Braid Braidlogo
Ano de Lançamento: 2008
Plataformas: Xbox 360 (Xbox Live Arcade), Microsoft Windows, Macintosh e Playstation 3
Gênero: Plataforma 2D/Quebra-cabeça
Desenvolvedora: Number None Inc.
Distribuidora: Microsoft Game Studios

Geralmente quando alguma coisa é considerada muito boa, é porque quebrou paradigmas e conceitos, reinventou um estilo ou gênero, fez algo muito à frente de seu tempo ou apresentou uma visão ou ponto de vista muito diferente de algum assunto em questão. Braid faz tudo isso e mais um pouco. Este jogo é uma agradável surpresa produzida por uma desenvolvedora independente e vem para provar que bons jogos não precisam de grandes distribuidoras ou de estúdios caros, apenas de boas ideias e muita dedicação.

O conceito de Braid foi pensado pelo programador e designer americano Jonathan Blow em 2004. Desde então, ele uniu-se ao artista David Hellman e os dois começaram a trabalhar no conceito artístico de Braid. Jonathan é um programador de videogames visionário e acredita que os jogos são uma forma de arte e devem ser produzidos como tais. E é exatamente isso que Braid é: uma forma de arte. Desde a primeira imagem vista no jogo e o primeiro segundo ouvido da trilha sonora, o jogador sabe que está para embarcar em uma viagem artística e emocional sem precedentes na história dos videogames.

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Qualquer semelhança com os castelos de Super Mario são mera coincidência... ou não.

Braid significa trança em inglês e isso descreve muito bem como é a história do jogo. Ao acessar a primeira fase, nos deparamos com uma série de textos que explicam o enredo de forma brilhante, e o primeiro que encontramos é este:

"Tim saiu em uma busca para resgatar a Princesa. Ela foi raptada por um monstro horrível e maligno. Isto aconteceu porque Tim cometeu um erro."

Curto e grosso, não? Então sabemos que nosso protagonista chama-se Tim e ele tem de resgatar a Princesa, que foi capturada por um monstro. Se você está pensando Super Mario, não é por acaso. Longe de ser um simples plágio, a referência ao baixinho bigodudo é mais uma homenagem ao "pai" dos jogos de plataforma em 2D do que qualquer outra coisa. E então o texto continua:

"Não apenas um. Ele cometeu muitos erros durante o tempo em que estiveram juntos, anos atrás. Memórias da relação deles tornaram-se lamaçentas, substituídas totalmente, mas uma coisa continua clara: A Princesa virando-se abruptamente, sua trança balançando para ele com desprezo."

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Inimigos, portas trancadas, chaves e alavancas. Os obstáculos de Braid são tão complexos quanto seu enredo.

O jogo é dividido em 6 mundos diferentes e a cada mundo completado, Tim pode avançar para o próximo. Cada mundo possui pedaços de quebra-cabeças espalhados através dele e o jogador deve coletá-los e encaixá-los para formar uma imagem nos painéis correspondentes. Em cada mundo, Tim poderá manipular o tempo de uma forma diferente para superar os obstáculos, e o jogador pode voltar para fases de mundos já completados para pegar os pedaços que não conseguiu anteriomente.

Os 6 mundos e a maneira como a manipulação do tempo funciona neles segue abaixo:

Tempo e Perdão: Este mundo possui obstáculos normais de plataforma e o jogador pode fazer o tempo voltar quando quiser, inclusive depois da morte do personagem. Há 5 velocidades de retorno do tempo e esta habilidade estará presente em todos os outros mundos.

Tempo e Mistério: Neste mundo são introduzidos objetos com um brilho verde que não são afetados pela manipulação do tempo. Uma alavanca com esta característica que seja acionada, por exemplo, continuará acionada mesmo se o jogador voltar no tempo.

Tempo e Lugar: Neste mundo, quando Tim se move para a frente, o tempo se move para a frente com ele, e quando ele se move para trás, o tempo volta. Se Tim parar, o tempo pára completamente.

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Não é só o Chuck Norris que consegue abrir 3 portas com apenas uma chave. Aqui você também pode.

Tempo e Decisão: Neste mundo o jogador possui uma "sombra" que reproduz totalmente os movimentos do jogador depois que o mesmo volta no tempo. Ou seja, se o jogador está de um lado de um precipício e pula para o outro e em seguida retorna no tempo até a posição inicial, ele verá uma sombra saindo do mesmo ponto e fazendo o pulo que ele acabou de fazer. A sombra pode matar inimigos e acionar alavancas.

Hesitação: Neste mundo, Tim possui um anel mágico que cria uma área ao seu redor onde o tempo corre mais devagar. Quanto mais um objeto estiver próximo do anel, mais ele irá se mover lentamente.

O Mundo Final não tem título e nele o tempo corre ao contrário. O mecanismo usado nos outros mundos para voltar no tempo, aqui, faz o tempo correr de forma normal.

Você deve usar os mecanismos de manipulação de tempo para avançar no jogo e pegar todos os pedaços dos quebra-cabeças. Alguns enigmas são mais fáceis do que outros e você se verá deixando para trás alguns deles, apenas para resolver outro mais à frente que lhe dá uma pista de como o anterior deveria ser resolvido. No final de cada mundo, Tim luta contra um monstro e, para derrotá-lo, ele deve usar a manipulação que aprendeu naquele mundo em questão.

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Seria fácil apenas matar todos os inimigos e avançar de fase como todo jogo normal, mas Braid é tudo, menos normal.

Se você leu tudo isso até aqui e interessou-se pelo jogo e pretende jogá-lo, aqui vai um conselho: Não desista! A diversão, o objetivo e o próprio motivo pelo qual o jogo existe são justamente os enigmas. Alguns serão muito fáceis e você os resolverá rapidamente, fazendo a estratégia certa de primeira. Em outros, você ficará horas parado observando a fase e pensando em como diabos resolver aquilo. Você tentará uma solução, e depois tentará outra, e outra, até conseguir.

Apesar de exigirem raciocínio, os enigmas de Braid não são impossíveis e basta um pouco de dedicação. Procurar uma estratégia ou um guia passo-a-passo matará toda a diversão do jogo. Uma dica: Um jogo 2D é chamado assim justamente por conter 2 dimensões, Largura e Altura, certo? Em Braid, você deve adicionar o Tempo como uma terceira dimensão. Você deve pensar além do conceito de tempo do nosso mundo real, que é linear e irreversível. Braid fará você raciocinar de uma forma que nunca havia feito antes.

E o final... ahh, o final. A última fase de Braid fará calafrios percorrerem sua espinha. "Chocante" sequer começa a descrever o que o final deste jogo faz com você. O desfecho é simplesmente genial, e se você gosta de surpresas de filmes como O Sexto Sentido, então você amará o final deste jogo. Além, é claro, de uma grande lição de vida antes que o jogo termine de fato.

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Eu queria ter uma casa com portas que dão acesso a mundos diferentes.

As únicas coisas que me impedem de dar um 10 para este jogo talvez seja o tamanho dele e alguns aspectos de sua história. O jogo é deveras pequeno para um lançamento que custou 15 dólares nos Estados Unidos, mas a experiência não é menos recompensadora por isto. Quanto ao enredo, o autor coloca diversos elementos e deixa muitas oportunidades de interpretação para a história, mas talvez possibilidades demais. Você sentirá a necessidade de alguma conclusão no final e talvez ela não venha, justamente porque o enredo não é totalmente linear e fica aberto para muitas interpretações diferentes. Nenhum problema com isso, até acho que isso torna a história em si mais rica, mas talvez se o autor focasse exatamente no que ele quis transmitir, a sensação de conclusão seria mais satisfatória.

Todos nós queremos encontrar nossas princesas, todos nós queremos alcançar nossos castelos e derrotar nossos monstros. Todos nós cometemos erros e gostaríamos de poder voltar no tempo para acertá-los. Existe um pouco de Tim em cada um de nós, e é isto que torna Braid tão especial.

Veredito: 9.5 de 10

Escrito por Carlos Henrique, player de Lei Keylosh
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