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Crítica: Dragon Age: Origins

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Mensagem  Lei Keylosh Ter 3 Ago - 3:42

Olá, companheiros aventureiros da sala de RPG Medieval da UOL!

Hoje voltamos ao tema de RPG. Falaremos sobre um jogo que foi aclamado pela crítica especializada, mas será que ele é realmente bom ou os elogios foram apenas por conta da euforia de seu lançamento? Vamos responder a essa pergunta analisando Dragon Age: Origins.

Crítica: Dragon Age: Origins Dragon_Age
Ano de Lançamento: 2009
Plataformas: Microsoft Windows, Xbox 360, Playstation 3 e Macintosh
Gênero: RPG
Desenvolvedora: BioWare
Distribuidora: Electronic Arts

Dragon Age: Origins se passa em um mundo medieval fantástico, como a série de livros O Senhor dos Anéis, portanto, os jogadores deste fórum irão se sentir bem familiarizados com o ambiente do jogo. A história se passa no reino de Ferelden, localizado no continente de Thedas. Neste mundo, em intervalos de algumas centenas de anos, criaturas malignas conhecidas como Darkspawn surgem das profundezas e espalham destruição, no que ficou conhecido como The Blight. O evento que se sucede no jogo é o quinto Blight do universo onde se passa a história.

Para conter e destruir as criaturas dos Blights ao longo dos séculos, Thedas conta com os Grey Wardens, uma ordem que contém criaturas de várias raças e cuja obrigação é unir os diferentes povos sempre que um Blight acontece. Com os povos e tribos unidas, os Darkspawn podem ser derrotados e expulsos de volta para as trevas, de onde retornarão em outras centenas de anos.

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Não ajuste seu televisor, você não está em um clipe do Michael Jackson.

Como sempre acontece em jogos da BioWare, você pode produzir seu personagem no início do jogo, mas desta vez, não só em termos de aparência. O jogador poderá escolher entre 3 raças (Humanos, Elfos e Anões), combinadas com 6 histórias de origens diferentes (Humano Nobre, Magos, Elfo Dalish, Elfo da Cidade, Anão Comum e Anão Nobre). Cada uma destas opções leva o jogador a iniciar a história de uma maneira diferente e, depois desta pequena aventura inicial, a história toma o rumo principal e será a mesma para todas as opções.

Independente de qual for sua opção, a história sempre acaba levando-o a encontrar-se com um guerreiro chamado Duncan, que é um Grey Warden. Ele acaba vendo no personagem principal o potencial para se tornar um Warden e você acaba se juntando ao grupo para enfrentar o novo Blight. A partir daí o personagem principal é apresentado para os outros protagonistas da história. Na luta para unir as raças e lutar contra os Darkspawn, o jogador irá conhecer personagens de raças e personalidades diferentes.

Diferente da maioria dos jogos da BioWare, Dragon Age não possui um "medidor de alinhamento", portanto, não há uma distinção específica se o seu personagem é bom ou mal, até porque, de acordo com a história em si, ele sempre será bom e sempre lutará contra as criaturas malignas. Você possui escolhas no jogo, entretanto, e poderá escolher seus aliados de acordo com suas próprias convicções, mas isso não afeta o jogo mecanicamente ou em termos de enredo.

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Ainda bem que o número máximo de aliados é 4, ou estaríamos vendo um Ogro fazendo 5 contra 1 na imagem acima.

A jogabilidade de Dragon Age é mais estratégica ao ponto de não ser considerado um "RPG de ação", aproximando-se mais do RPG puro. Você pode pausar o jogo a qualquer momento da batalha e dar ordens à seus aliados, como mandar um guerreiro atacar o adversário, ordenar que o mago solte uma magia ou que o ladino ataque alguém por trás. Você não precisa necessariamente fazer isso e pode enfrentar as batalhas em tempo real, mas isto não é recomendável de maneira alguma, uma vez que as batalhas são difíceis e se não for usada uma estratégia, você será dizimado facilmente.

Os gráficos são bonitos e muito bons, deixando o jogo com a beleza que se espera de um título da BioWare. Os cenários são bem detalhados e uma qualidade a ser destacada é o clima de cada ambiente no jogo. Quando o jogador está em uma floresta, ele realmente se sente em uma floresta. Quando se visita a caverna dos anões, você vê os comerciantes com suas barracas, os habitantes, a lava percorrendo os cantos das cavernas e a sensação de calor que elas produzem.

Por outro lado, os cenários são extremamente limitados em tamanho e é aqui que os problemas de Dragon Age começam. Veja bem, eu sei que é difícil produzir um jogo com um ambiente como The Elder Scrolls: Oblivion ou qualquer um da série de jogos do GTA. Cenários vastos, onde é possível percorrer a distância de um ponto a outro a pé ou com algum veículo, exigem mais dos programadores e possuem maiores obstáculos técnicos de produção. Mas o mínimo que se espera de um RPG medieval é a sensação de estar em um mundo coeso, um mundo completo onde eu posso ir para onde quiser. Até um jogo como Two Worlds, que é de uma empresa bem menor e tem uma produção mais modesta, conseguiu fazer o que Dragon Age não consegue.

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Passeata de protesto do SVCM (Sindicato de Vilões e Criaturas Malignas) por melhores papéis no enredo.

O jogo tem, inclusive, um mapa que, ao invés de ajudar, apenas deixa mais claro esse problema. O jogador não se sente inserido em um mundo, e sim em pequenos cenários espalhados pelo mapa e sem ligação nenhuma entre si. Sair das minas dos anões e ir até o castelo do reino, por exemplo, deveria ser uma jornada, e não apenas clicar em um ícone com o desenho de um castelo e observar enquanto uma linha é traçada lentamente no mapa. Ocasionalmente, um aviso de batalha é dado e então o jogador aparece em um cenário fechado e minúsculo que deveria simbolizar uma parte da estrada, enfrenta alguns inimigos e então clica para sair dessa área, apenas para aparecer no destino original.

Em jogos como Mass Effect, por exemplo, que se passa em um universo futurista e de ficção científica, esta ilusão é mascarada pelo fato de que o personagem precisa de uma espaçonave, transporte ou qualquer outra coisa para se locomover de uma área para a outra. É como se fosse um filme em andamento e as partes onde os personagens estão se locomovendo dentro dos automóveis fossem cortadas, pelo simples fato de que isso não importa e não irá acrescentar nada na história. Mas em um jogo medieval, todas as viagens deveriam ser valorizadas e tenuosas, até pela natureza da época, mesmo que seja fantástico.

As batalhas do jogo são difíceis, mesmo no nível de dificuldade mais fácil. Os estrategistas de plantão irão se adaptar bem à mecânica do jogo, mas aqueles que estiverem procurando mais ação irão sofrer. O jogo, apesar de recompensar quem faz uma boa estratégia, também pune quem não o faz.

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Nah, não vou fazer piada de Hadouken. Fácil demais.

A especialidade dos ladinos, por exemplo, é atacar os oponentes pelas costas. Quando um ladino faz isso, o dano que ele causa é muitas vezes maior. Entretanto, se você não aplicar sempre essa estratégia para eles, os ladinos se tornam absolutamente inúteis e irão morrer muito facilmente. O mesmo se aplica aos magos em relação à magia. A cada membro da equipe morto, a batalha se torna mais difícil, e você se verá pausando o jogo diversas vezes e repensando sua estratégia. É um estilo que se assemelha mais à essência do RPG, mas não é para todo mundo.

Uma coisa que esteve presente no jogo Mass Effect, que é da própria BioWare, é o fato do personagem principal ter uma voz. Há apenas uma voz para homem e outra para mulher, mas todas as falas do personagem são vocalizadas, o que insere mais o jogador na história. Eu não consigo entender porque isso não foi feito em Dragon Age, uma vez que se trata da mesma empresa e que o jogo saiu 2 anos depois do primeiro Mass Effect. Mesmo tendo raças diferentes, poderia haver uma voz para os homens e outra para as mulheres. Uma mulher anã não precisa necessariamente falar com voz rouca e grossa, ou um homem elfo não precisa falar de maneira calma e suave. Apenas o fato do personagem possuir uma voz já seria um elemento benéfico ao jogo.

A história não é original e muito menos brilhante. Apesar do jogo possuir personagens interessantes e alguns deles com passados complexos e personalidades únicas, o jogo não possui reviravoltas ou grandes surpresas. É uma história que possui muitos clichês de medieval fantástico, cujo final será sempre o mesmo, alterando-se um ou outro destino dos personagens. Há muitos jogos de apenas um final que são bons, mas, neste caso, é mais um elemento que enfraquece Dragon Age.

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Pense bem, meu caro. Não tem camisinha em jogo medieval!

Além disso, o modo como a história lhe força a entrar no enredo principal é simplesmente irritante. Eu, por exemplo, escolhi ser um Elfo Dalish quando comecei a jogar. Na explicação da raça estava escrito que os elfos, no universo do jogo, foram escravizados e humilhados pelos humanos e que, para humanos, os elfos eram uma raça inferior. Os Elfos da Cidade aprenderam a conviver novamente com os humanos, vivendo nas partes pobres das cidades humanas, mas os Elfos Dalish, chamados também de "os verdadeiros elfos", decidiram retornar à vida na floresta e é a raça que mais despreza os humanos.

Muito bem, sabendo disso e tentando ao máximo interpretar meu personagem, eu comecei a aventura. Após todos os acontecimentos, eu retorno à minha aldeia e vejo a líder de minha tribo conversando com um humano. Ela diz que ele é um Grey Warden e que ele viu em mim o potencial para fazer parte da ordem.

Ora, se eu sou um Elfo Dalish e minha raça despreza humanos, eu NÃO quero fazer parte de nada que tenha ou que seja liderado por um humano. Não há um motivo realmente forte para me juntar a ele, ele apenas me trouxe de volta à aldeia enquanto eu estava inconsciente, mas não salvou minha vida de fato. Agora eu o vejo conversando com a líder da minha tribo e fico sabendo que ele quer me levar para me juntar à ordem dele.

FODA-SE VOCÊ, HUMANO! Eu não vou a lugar algum com você! Então eu escolhi todas as opções negativas do diálogo com o humano e MESMO assim fui obrigado a me juntar a ele. Isto é um tremendo tapa na cara desferido pelo jogo!

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Aproveite a vista deste dragão, pois você estará vendo poucos deles neste jogo.

Como se isso tudo não bastasse para dizer sobre Dragon Age, eu tenho uma última crítica e, acredite ou não, ela é a mais óbvia. Bem, o jogo chama-se Dragon Age. Ou, em inglês: ERA DOS DRAGÕES. Quando se joga um jogo com este título, você espera encontrar muitos dragões, certo? Sabe quantos dragões aparecem no jogo inteiro? Três. TRÊS!!! Três dragões na porra do jogo inteiro, e um deles você sequer chega a enfrentar, dependendo de suas opções de diálogo! Que merda de "Era dos Dragões" é essa, onde eles não existem??

Tudo em Dragon Age é maquiado para ser épico mas nada o é. Não se deixe enganar pelas críticas espalhadas por aí, este jogo não é tão bom quanto fizeram-no parecer. A história é fraca, não-original e cheia de clichês. As batalhas não são fáceis e os jogadores desacostumados com estratégia irão sofrer. Os cenários fechados e espalhados pelo mapa não inserem o jogador em um mundo que deveria ser e tinha tudo para ser fantástico. Enfim, a mídia especializada caiu na armadilha da ansiedade do lançamento e glorificaram o jogo, quando na verdade ele é repleto de elementos que poderiam ser muito melhores.

Veredito: 7 de 10

Escrito por Carlos Henrique, player de Lei Keylosh.
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