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Crítica: Kane & Lynch: Dead Men

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Mensagem  Lei Keylosh Dom 22 Ago - 17:11

Olá, companheiros da sala de RPG Medieval da UOL!

Em breve estarei comentando aqui sobre o jogo Kane & Lynch 2: Dog Days. Antes disso, porém, vamos dar uma olhada no primeiro jogo da série. A princípio é um título com uma história promissora, tendo, inclusive, uma adaptação para o cinema em produção. Mas será que, em termos de jogabilidade, ele se sustenta? É o que vamos descobrir com Kane & Lynch: Dead Men.

Crítica: Kane & Lynch: Dead Men 250px-Kane_and_Lynch_cover_art
Ano de Lançamento: 2007
Plataformas: Xbox 360, Playstation 3, Microsoft Windows e celulares
Gênero: Tiro em terceira pessoa
Desenvolvedora: IO Interactive
Distribuidora: Eidos Interactive

O título coloca o jogador na pele de um homem chamado Kane que, logo no começo, foge da prisão com o auxílio de um grupo armado e misterioso. Após a fuga, descobrimos que os homens armados estavam à mando de uma organização conhecida apenas como Os Sete. A organização acusa Kane de ter roubado dinheiro dela e revela que o tirou da prisão apenas para que ele pudesse devolver o dinheiro. Para assegurar isto, os membros do Os Sete sequestram a esposa e filha de Kane e dão a ele um prazo de 3 semanas para reaver o dinheiro, ou a família dele morrerá.

Para manter um olho em Kane e assegurar que ele não irá fugir da situação, Os Sete designam Lynch para permanecer perto de Kane não importa o que aconteça, e ordenam que ele faça ligações periódicas, informando o estado de Kane e da missão. Kane não pode deixar Lynch morrer pois, se isso acontecer, Lynch não fará as ligações e consequentemente a organização irá matar a família de Kane.

A história começa a se desenrolar a partir daí, quando Kane desenterra velhos contatos para ajudá-lo a recuperar o dinheiro. A primeira coisa a se fazer é encontrar um velho amigo de Kane que pode ajudá-lo a invadir um cofre de um banco onde parte do dinheiro está.

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Esse Pet Shop deve ter se recusado a tosar o cachorro de Kane. Foi o último erro deles.

Apesar de ser um "homem de família", Kane está longe de ser o herói-exemplo. Ele começa o jogo preso, acusado de homicídio, e durante todo o jogo ele faz coisas deploráveis e baixas para alcançar seus objetivos. Seu comparsa Lynch não é muito diferente, pois sofre acessos de raiva e frênesi repentinos, onde ele promove verdadeiros massacres e depois volta ao normal, quase como uma dupla personalidade.

E, antes mesmo de sequer começarmos a falar do jogo em si, é aqui que surge o primeiro problema. Veja bem, existe uma diferença entre anti-herói e "herói-genocida-assassino-canalha-e-detestável". O bom anti-herói não tem de ser exatamente detestável, ele tem que atrair o público com seu jeito de ser, ele tem que ser como todos nós gostaríamos de ser, mas não podemos. Ele tem que fazer coisas erradas e ter um modo de vida errado e, mesmo assim, ter algo que faça com que gostemos dele.

O personagem Wolverine é o exemplo perfeito de anti-herói. Ele é politicamente incorreto, é violento, fala palavrão, fuma e é genioso. Mas mesmo assim nós gostamos dele. Ele tem algo que faz com que torçamos por ele. No fundo, nós sabemos que ele tem algo de bom dentro de si, por mais que não demonstre.

Mas nosso protagonista Kane não é um anti-herói e sim um filho da puta, pura e simplesmente. O jogador não irá criar nenhuma conexão com ele durante o jogo justamente porque o jogador irá odiá-lo. O modo de agir e de ser de Kane é simplesmente detestável e faz o jogador odiá-lo e, portanto, não se importar com ele. Você gostaria de jogar um jogo onde você detesta o protagonista que você controla? Que motivação você teria para jogar algo assim?

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"Aqueles desgraçados roubaram nossas rosquinhas. ATIRE NELES!"

Enfim, se você superar este pequeno fato, ou se você até mesmo gostar de Kane mesmo ele sendo como é, os problemas estão longe de acabar. Na verdade, estão apenas começando.

Em primeiro lugar, o jogo é ridicularmente curto. A jogabilidade dura 4 horas em média, o que é muito pouco até mesmo para jogos de ação. Pior ainda, o jogo é interessante até a metade, mais precisamente, até uma missão que envolve um caminhão em um canteiro de obras. Não vou dar detalhes da missão em si para não revelar a história mas, a partir daí, o jogo cai em um ostracismo e você contará os minutos para que ele termine. Isto é, se você tiver motivação para chegar até o fim e não sucumbir ao desejo de deixar o protagonista morrer de propósito apenas por ódio.

Os gráficos em si não são ruins para 2007, mas as animações são estranhas e mal feitas, além de ter bugs e erros gráficos evidentes. Entretanto, o principal problema de Kane & Lynch é mesmo a jogabilidade. A mira é muito ruim e o sistema de dano é estranho. Às vezes você irá atirar com uma pistola e matará um inimigo apenas com um tiro na cabeça. Em outros momentos, você irá descarregar um pente inteiro de metralhadora em cima dele e ele continuará em pé.

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A capa do novo disco dos Bandidos Boys, a boy band dedicada aos sequestros e assassinatos.

O botão de ação serve para abrir portas, subir pequenos obstáculos e matar inimigos usando as próprias mãos quando estiver bem perto deles. Se você estiver a 1 centímetro da distância necessária, você se verá apertando o botão de combate corpo-a-corpo e Kane irá ficar parado como um idiota, levando tiros de todos os lados. Quando você finalmente consegue acionar o combate contra um inimigo, há uma chance dele defender e empurrá-lo para trás. Justo até aí, o problema é que não há critério para isso. Um inimigo membro da SWAT pode defender os golpes tanto quanto um policial local, e o que determina se os golpes irão acertar ou não parece ser pura aleatoriedade.

Ao longo do jogo, Kane contará com a ajuda de seu companheiro Lynch e de outros amigos. Não há como controlar esses personagens, você poderá apenas passar armas a eles por um sistema simples de inventário. Entretanto, eles são burros feito portas e frequentemente você estará concentrado, trocando fogo com o inimigo, e a missão acabará repentinamente porque algum personagem ficou totalmente aberto ao fogo inimigo e morreu.

Mesmo quando um personagem, incluindo o próprio Kane, é derrubado, ainda há uma chance de salvá-lo se outro personagem vier rapidamente dentro do tempo limite e dar-lhe uma injeção de adrenalina. Você pode reviver até 3 vezes no máximo. Sistema muito legal a princípio, isto é, se a inteligência artificial de seus companheiros funcionasse. Há momentos em que Kane irá tombar e o comparsa dele irá injetar adrenalina 1 milésimo de segundo DEPOIS do tempo limite. E então, quando você pensa que irá levantar-se, aparece a tela de Game Over e você tem de recomeçar aquela parte da fase.

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Se eles estivessem mais perto um do outro, isto seria um tiroteio de desenho animado.

Em outros momentos, um companheiro seu tomba em combate e você vai até ele para salvá-lo. Entretanto, ao fazer isso, você se expõe ao fogo inimigo, pois não há como arrastar seu comparsa para outro local. Você é atingido e passa a ser a sua vez de cair e a vez do seu companheiro de reviver você. Quando ele faz isso, ele VOLTA a ficar exposto ao fogo inimigo e quando você revive, ele já está tombado novamente. Estas cenas são dignas de Os Três Patetas e beiram ao ridículo, causando enorme frustração com o jogo.

O sistema de cobertura é falho. Não há um botão específico para esconder-se atrás de alguma superfície, você apenas se aproxima de uma parede, por exemplo, e, teoricamente, Kane irá escorar-se para cobertura. Entretanto, não dá pra saber que superfície no jogo é passível de cobertura ou não, e você se verá frequentemente tentando escorar-se atrás de uma pilastra apenas para descobrir que não dá, depois de ter tomado vários tiros e provavelmente estar perto da morte.

O jogo possui dois finais diferentes, ambos extremamente insatisfatórios. Em uma das opções, você pode jogar uma missão a mais, mas isto não é motivo de alegria, pois você estará tão frustrado com o jogo que escolherá a opção mais rápida para encerrar essa tortura.

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Óculos escuros? Check. Pose de fodão? Check. Mulher no ombro? Ch... Mulher no ombro??

Kane & Lynch é um jogo com a velha Síndrome do Potencial Perdido. Ou seja, ele tem elementos que o tornariam um ótimo jogo, mas foram tão porcamente e incompetentemente executados que transformaram o título em um desastre. A jogabilidade deveria ser melhor trabalhada, a história deveria focar mais nos protagonistas que carregam o nome do jogo e o personagem principal Kane deveria ter algo para que o espectador gostasse dele, ao invés de ser completamente detestável.

Agora você me pergunta: "Se o primeiro jogo é tão ruim e foi tão escurraçado pela crítica, por que fizeram uma continuação?" Boa pergunta, meu amigo internauta. Para a qual eu não tenho resposta, aliás. Além do segundo jogo, ainda há um filme em produção. Talvez a Eidos acredite tanto no potencial desse projeto que vai enfiar jogos e filmes de Kane & Lynch na garganta dos jogadores e espectadores até que passemos a gostar desta atrocidade. Tudo, é claro, com o "nobre" objetivo de tornar esta uma franquia lucrativa. Se a qualidade do filme for a mesma dos jogos, lucro é o que a Eidos MENOS vai ter com tudo isso.

Veredito: 4 de 10

Escrito por Carlos Henrique, player de Lei Keylosh.
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